Formas, cores e ideias dos povos originários da América do Sul na atualidade. O Centro Cultural da Universidade Federal de Minas Gerais, em Belo Horizonte, lançará, no dia 14 junho, a exposição ¡Mira! – Artes Visuais Contemporâneas dos Povos Indígenas. A mostra reunirá, pela primeira vez no país, obras de artistas indígenas da Bolívia, Brasil, Colômbia, Equador e Peru.
Pinturas, desenhos, cerâmicas, esculturas, vídeos e fotografias estarão expostos durante dois meses em um dos mais antigos edifícios (recém- restaurado) do centro histórico da capital mineira. A proposta do Centro Cultural é trazer ao público as novas estéticas dos povos ameríndios, em que os autores produzem arte aliando saber tradicional às modernas tecnologias.
“As artes visuais que alguns indígenas estão fazendo, expondo e vendendo, entram em nosso mercado, na cidade grande, como objetos e signos de outras realidades”, explica Maria Inês de Almeida, curadora e coordenadora da exposição. “O que difere suas peças dos objetos e signos tradicionais, frutos da cultura oral, são a tensão e a perturbação, algo que um indivíduo é capaz de expressar quando vê o mundo de longe”, completa a diretora do Centro Cultural.
¡Mira! e´ resultado de uma pesquisa realizada por uma equipe formada por antropólogos, comunicadores e indigenistas, que percorreu milhares de quilômetros em busca da arte indígena latino-americana. Foram levantadas mais de 300 obras de 75 artistas de 30 etnias diferentes. Depois, um conselho curador, composto por especialistas em artes visuais, escolheu mais de 100 obras para a exposição.
Na semana de abertura, acontecerá um seminário sobre as artes e culturas indígenas em sua relação com a contemporaneidade. Serão promovidas oito mesas de debates, em que artistas da exposição, indígenas convidados, pesquisadores e educadores conversarão sobre diferentes temas. A discussão gira em torno das relações entre as artes indígena e ocidental: Ruptura da tradição, continuidade, ou diálogo? Quais as técnicas e as estéticas que os indígenas assimilam? O que índios trazem de inovação para a arte ocidental?
No pátio do Centro Cultural, também acontecerá uma oficina de tururi – tela feita com a fibra da entrecasca de uma palmeira – que será ministrada por artistas da etnia Ticuna, além de bate-papos informais com alguns artistas da exposição, e a demonstração dos seus processos de trabalho.
Na busca pelo diálogo intercultural, e através de múltiplas linguagens, a exposição ¡Mira! promove algo inédito: o intercâmbio entre as novas experiências artísticas desenvolvidas pelos povos indígenas da América do Sul. É também a oportunidade do público conhecer o pensamento e a perspectiva indígena em meio às artes visuais contemporâneas.
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https://www.ufmg.br/centrocultural/mira!_apresenta%E7%E3o.htm